... Março, um rio, gotas, palco, piano, réstias de luz, escuridão quebrada, penúmbra... uma alma, livre do corpo e em busca do sol, discreta e invisivel junta-se ao amante do girassol, e sente-se também ilha flutuante que anseia um porto, mas não dispensa o mar! Em palco, discreta e invisível, rouba de sí mesmo a cena do amante do sol-que gira- e representa o monólogo de um amor que ousa mas tem que calar, um amor que hoje se despede, mas ontem chegou em investida voraz e avassaladora, nas vestes de uma lua que anda em janeiro, e se deixa gravar em velhos retratos, tickets de outras viagens, e em peregrinações aos escombros dos sentimentos quebrados... Sem querer roubar a ja roubada cena, reveste-se de paciência e espera, como já esperou em 1,2,3...oito épocas e diferentes temporadas, espera mais uma, livre da batalha mental da irreversibilidade do tempo. Mas antes da nova cena, ensaia a necessidade de partilha do que foram, são, serão... Novamente réstias de luz, e no palco um erro: a plateia não viu, nem ouviu a representação de um amor escondido - é amor escondido e erros existem, e vão existir, basta reensaiar a arte de compreende-los, perdoa-los, e continuar (mos) em palco, discretos-(invisíveis??) – enquanto isso, com indiscutivel suavidade, as cortinas se fecham – fim de cena- e porque não era o seu espetáculo, abandona o palco e segue o lado oposto da réstia de luz, nos bastidores repousa a cabeça sobre as pétalas, as do sol que gira e apenas reflete, pensa nesse amor que ousa e tem de se calar... e eu, eu penso em ti, em nós, intensamente, nao por obrigação, mas pelos tesouros escondidos que só cabe a nós - e a mais ninguem - descobrir...
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