terça-feira, julho 01, 2014

Eu gosto do cacimbo, esse clima com menos sol e menos calor me remete a mim mesmo,  aproveito o intervalinho do almoço e me concentro no pensamento e como companhia a minha solitária chavena de café, um Delta amargo, que aos poucos arrefece,
Enquanto divido minhas mãos entre ela e o teclado, penso em como seu conteúdo negro vem  influenciando meus momentos ao longo dos anos (...)
e com este pensamento disfarço, disfarço aquilo que realmente quero pensar...o que vos ofereço não é o verdadeiro "sabor" do que penso... mas penso...

terça-feira, julho 31, 2012

O Tempo... o tempo a paixão aprimora, ao amor fortalece, ternura, fascínio, prazeres ao coracao inflamam e nos completam, juras e encantos transbordam, o tempo, o tempo faz-se de anseios e carinhos mil, em tudo o fascicinio da doce lua, a lua no mel

domingo, outubro 02, 2011

Madrugada...






Na rua, ainda o som dos amigos da noite, mas seus olhos já piscam pesados. Com passos lentos caminha para o quarto, nele a cama e nela o mesmo edredon vermelho com as marcas de quem um dia a ele pertenceu, ainda pertence... No fundo da alma um único desejo: te-lo de volta, na mesma intensidade... alguns metros de si, um certo X, pensa em atrai-lo, mas se recusa em romper princípios, em trair o amor, em trair-se a si mesmo, então caminha até ao quarto de banho e já refeito dos efeitos de um monte velho, passa água no rosto, decide desligar-se do virtual, e voltar a realidade, mesmo que seja sofrida...afinal, amanhã será um outro dia...aliás, já é um outro dia, falta apenas acordar para ele!

sábado, maio 21, 2011

DIÁLOGOS III - Solitária Sim, mas nunca, nuunca Sozinha









Depois de muito tempo voltei a ler-te, um escrito algo filosófico, com referências a Sartre e Nietzsche com um desfile de sapiência e conhecimento, típico da sua pessoa. É também típico de em ti, o velho hábito (ou defeito?) de julgar, julgar a mim, julgar aquilo que chamas de meu ser sozinho. Não me julgue pela solidão - que nunca me fez sentir sozinha - se ela existe, existe como o caminho para maturidade, o caminho para o auto-conhecimento, para aceitação, para recriação de toda plenitude que há em mim, a caminho da complementariedade que me (nos) leva ao relacionamento com o próximo. Não existem em mim medos, traumas, nem dificuldades de relacionamento-estas que são caracteristicas das pessoas sós- este meu eu solitário- e não sozinho- relaciona-se bem com os seres de minha espécie, este meu eu solitário, vive agora um momento memorável, muito distante do que conceito de solidão (...) apenas vivo a buscar-me em mim mesmo, e isto não é patologia é opção.

quinta-feira, maio 12, 2011

Nova Estação



...e o céu fez-se nublado, e a nuvem negra fez-se mais negra ainda, e depois do relâmpago, como lágrimas finas, gotas de água regaram o chão, e duraram uma estação... mas ainda não era o fim! mais um pouco de paciência, mais o exeercício da espera, mas a capacidade de se desculpar, mais o suporte mútuo, o perdão, e novamente uma outra estação, de sol, de luz, de muita esperança, possibilidades, amor, ah, o amor!!!

quarta-feira, setembro 29, 2010

MamiNany

Sou uma mãe bem coruja!!!


quinta-feira, agosto 19, 2010

VIDA DE

...mãe que sai de casa as 4:30 – da cama já saiu 1 hora antes – percorre as poucas farmácias 24hrs em busca do Aptamil Confort 1… faltou stock porque, ah os porquês ficam para os diversos (…)
Na rápida jornada entre farmácias, a reflexão sobre “ a vida de mãe”, sob o que o ter filhos provoca as mulheres: perde-se a sensação de importância, um filho nos livra do egocentrismo nato, mas por outro lado há a consciência de que uma mãe nunca mais será tão livre quanto foi um dia, algumas coisas saem da agenda - da minha agenda sairam as aulas a noite, os almoços ao fim de semana, as horas no cais, o ginásio…
Apesar disso é imperativo o exercício de (re)criar laços além dos filhos, o que com certeza ajuda(rá) a diminuir a sensação de culpa que inevitavelmente teima em aparecer - culpa pelo tempo que abrimos mão deles em prol de buscar aquilo que os fará bem. Nisso, o desejável é continuar a desfrutar de maneira equilibrada os dois lados da vida- o lado materno, e o lado vida enquanto vida.
E quando o aperto da vida moderna se faz sentir, há que recorrer a ajuda do Pai, na inexistência desse ou na impossibilidade de ajuda, busca-se o apoio de familiares próximos-como me ajudaria a minha mãe! - babás, empregados, – sobre estas últimas, as minhas, merecem um post a parte!
A maternidade ensina a lidar com situações que escapam do nosso controle, como ter de adivinhar o que os filhos sentem, ou então ser ágil e bem-humorada quando já estão todos arrumadinhos, daquele fatinho que o pai deu com carinho e dão aquele arroto na roupa ou fazem o inesperado pumpum - assim foi com a Naemy no domingo passado.
Nossa vida de mãe, diferente da das nossas mães, tem a tecnologia como grande aliada – a internet: muitas vezes vira o pediatra 24 horas, o telemóvel que ajuda a saber como vão nossos pokoyos, encurtando assim a saudade e a distância…
Trinta minutos depois, biberões e tetinas quebram a reflexão, enquanto isso vida de mãe vai sendo substituída pela preocupação com relatórios não concluídos ontem, de pareceres não emitidos … é novo dia, é hora de encarar a vida enquanto vida!!!
Ah os Diversos: temos uma carência muito grande no campo de babás e empregadas domésticas, trabalham, mas não encaram o trabalho de maneira profissional, a minha babá usou a última colher do último pote de leite e achou desnecessário avisar-me... la fui de madrugada em busa do leite...

terça-feira, agosto 10, 2010

DONT GIVE UP MOM

Minha filha, minha vida, meu amor (re)inventado,
Minha filha, minha inspiração, felicidade

Compensação de muitas outras perdas

É seu amor minha força para viver, para acreditar

Anna Emilia é realidade não precedida de sonho

É um anjinho que chegou na hora certa

É a inspiração que antecede ao poema

Anna Emilia é dona de minha paz

Do meu coração, da minha vida, dos meus olhos

Meu Sol em cada amanhecer, de sorriso inocente, encantador

Dona de minha Metamorphose, do eu Filha para o eu MÃE

Anna Emilia, Filha do meu coração, da minha alma...

Vinda num 14 de Abril , frágil, pequenina

Mas com muita vontade de viver, vencer. Como todos em Abril!

E são quase 04 meses de muita emoção, cumplicidade, felicidade,

Quando chegou ainda não sabia o quanto, mas logo depois percebi que essa dádiva era primordial para que minha vida tivesse sequência, em todos os sentidos (...) Anna Emilia, funciona como manto sobre perdas significativas, se não fosse por ela talvez tivesse me entregado a tristeza do não mais ter, que leva ao não mais querer ser... mas na beleza de seu olhar criança, consegui ler o silêncioso “DONT GIVE UP MOM

segunda-feira, julho 12, 2010

... ainda processando as perdas, de meu pai, de tí... assisto meu cérebro
borbulhar enquanto meus dedos se perdem no teclado, e o pensamento
me leva a um estado anormal, longe da insanidade que me inspira... e fico sem letras, dedos vazios sobre o teclado, simplesmente paro...e busco a aceitação de minhas múltiplas determinações...

quinta-feira, junho 24, 2010

PAI..

Pai, não completei a tarefa, e temo não teres como avalia-la, ontem parei tudo, e voltei a escrever palavras soltas, como sempre, despreocupada com as regras... Tudo porque ainda vivo essa dor, essa confusão, essa vontade de voltar, essa luta pelo sim e pelo não, ainda vivo a imcompreensão do perdão que caminha com a perda, a imcompreensão da profundidade do sentimento...
Pai, não é o fim em si que me fustiga, é o não ter mais onde me apoiar para caminhar, e por mais que me ofereça o ombro, nessa perspectiva de morte premeditada, não consigo nele me apoiar ... e temo que comece a sentir desventura no viver – nós que sempre quisemos bem viver!
Pai não terminei a tarefa, porque de dia sou firme e aguerrida, mas quando o sol se poe me apresento frágil, sofrida: a personificação da morte do sonho de tantos cacimbos..., pergunto-te novamente Pai: que perdão é esse que compactua com a perda?? Sei que dirás que humanamente tudo é possivel, mas eu me sinto totalmente impossibilitada de entender...
Ai Pai...

sexta-feira, abril 09, 2010

Castelos de Areia

Moram na cidade maravilhosa, e se orgulham por serem brasileiros, conhecem a história das copas, e ja sonharam que eram Romário, Ronaldo, o outro Ronaldo, Robinho - o pai deles sonhou que era o Pelé... Todos os dias saem do morro e descem ladeira abaixo, até aquelas belas curvas de pedra em preto e branco, o calçadão! e ai perto das ondas, eles trabalham, e trabalham muito, constroem castelos de areia com torres, passarelas e passagens internas, que encantam os turistas e aos seus bolsos trazem o pão, até poliglotas já se tornaram: Gudji moningi, bonjur madam... naquela manhã choveu, e depois da chuva, o arco-iris - em suas mentes então, a lembrança da aliança divina: “...Nunca mais as águas se transformarão em dilúvio para destruir toda a carne, escureceu e fizeram o caminho de volta ao “castelo” - de tijolos e cimento - que os vira nascer e crescer. Deitados na laje, de entre outras coisas falaram da Libertadores da América, do seu glorioso rubro-negro- o flamengo! E antes de abraçarem os lençois, contaram as poucas estrelas que enfeitavam o céu nublado, em contraste com toda luminosidade da famosa Cobacana. Adormeceram... gotas grossas cairam sobre o tecto, e... tudo ruiu, tudo... sobraram apenas os dois sonhadores, e sobre os escombros do castelo de tijolos, derramaram lágrimas de dor, em homenagem áquele que sonhara ser Pelé...

segunda-feira, abril 05, 2010

IMACULADO SONHO

Anjo de asa quebrada
Não sabe mais chorar,
Mas insiste em voar
Problemas secaram as lágrimas
Adversidades feriram as azas
Mas,
Jamais o impediram de voar!
Não obstante,
Mantem imaculada a capacidade de sonhar
E guarda em si todas as quimeras
E entre o sonho e a prosa
Alimenta um querer...
Aquele mesmo querer:
"...De seres quase meu , eu quase teu..."

sexta-feira, março 05, 2010

pediste?? ta aí, mostrei! é mais ou menos assim: confuso mas muito sincero, agora, vê com calma e tente acreditar, esforce-se em acreditar, é teu, claro, está em mim, mas é teu todo teu em mim, aliás, sei que acreditas, afinal, estamos juntos nessas lides faz tempo... mas já que pediste, curte!

segunda-feira, março 01, 2010

... Março, um rio, gotas, palco, piano, réstias de luz, escuridão quebrada, penúmbra... uma alma, livre do corpo e em busca do sol, discreta e invisivel junta-se ao amante do girassol, e sente-se também ilha flutuante que anseia um porto, mas não dispensa o mar! Em palco, discreta e invisível, rouba de sí mesmo a cena do amante do sol-que gira- e representa o monólogo de um amor que ousa mas tem que calar, um amor que hoje se despede, mas ontem chegou em investida voraz e avassaladora, nas vestes de uma lua que anda em janeiro, e se deixa gravar em velhos retratos, tickets de outras viagens, e em peregrinações aos escombros dos sentimentos quebrados... Sem querer roubar a ja roubada cena, reveste-se de paciência e espera, como já esperou em 1,2,3...oito épocas e diferentes temporadas, espera mais uma, livre da batalha mental da irreversibilidade do tempo. Mas antes da nova cena, ensaia a necessidade de partilha do que foram, são, serão... Novamente réstias de luz, e no palco um erro: a plateia não viu, nem ouviu a representação de um amor escondido - é amor escondido e erros existem, e vão existir, basta reensaiar a arte de compreende-los, perdoa-los, e continuar (mos) em palco, discretos-(invisíveis??) – enquanto isso, com indiscutivel suavidade, as cortinas se fecham – fim de cena- e porque não era o seu espetáculo, abandona o palco e segue o lado oposto da réstia de luz, nos bastidores repousa a cabeça sobre as pétalas, as do sol que gira e apenas reflete, pensa nesse amor que ousa e tem de se calar... e eu, eu penso em ti, em nós, intensamente, nao por obrigação, mas pelos tesouros escondidos que só cabe a nós - e a mais ninguem - descobrir...

domingo, fevereiro 07, 2010

Vento na Janela
Aplausos aos actores da vida
Flores e crianças
Orquestra de batuques e cordas
Percurssão vivida da janela
Finais de semana e
Ninguém, ninguém veio ver
Mea culpa assumida
E da janela, o espetáculo continua

quarta-feira, dezembro 16, 2009


… Ruas misteriosas, sombras pelo caminho e uma sensação de perigo e paz, aquele silêncio magnífico, eu e Deus, aos poucos um e outro atleta, um e outro escravo do horário, e aquelas gloriosas mulheres que de sol-a-sol cruzam ruas e avenidas levando consigo quase sempre dois embrulhos humanos e um material, este ultimo, o garante do sustento dos humanos: zungueiras!
…como em todas as manhãs, trouxe-me um: preto, cremoso, cheiroso -mesmo depois de já me ter feito companhia um outro, aceito-o, mais pela gentileza do que pelo desejo - ela que vem de outro extremo distante da cidade, e garante o pão para filhos e netos a oferecer o precioso café. Muitas vezes, o pão fica pela metade porque a outra metade é consumida na própria luta pelo pão, entre o asfalto de azul e branco e a vermelha terra batida – uma certa Madalena!
Cortinas afastadas, olhar perdido no vermelho das acácias, poucas, mas tão rubras que contrastam com o céu azul onde o lápis insiste em escrever os tons da vida: certezas, incertezas, as angustias…
Entrincheirados em seus pensamentos atravessam a curta avenida rumo a um longo dia que muito cedo começou (deve ter começado), lá a frente a certeza de um futuro melhor, estudantes!
Um e outro, os humanos se sucedem na expectativa do amanhã incerto, e a sirene entrecorta o pensamento, é um deles rumo ao lugar onde proíbem e permitem, rumo as estratégias do egoísmo que acaba com a vida dos que dizem governar, mas, a vida segue curso... deixo o lápis solto no ar, ainda com muitos tons por escrever…e separo-me então da observação dos humanos, afinal viver ultrapassa qualquer entendimento e, e Deus, Deus certamente da a cruz que cada um consegue carregar... eu aqui a carregar a minha!

terça-feira, novembro 24, 2009

MINHA VIDA, em sons e tons


Tenho 35, e não sei porque
Tenho mania de pensar e dizer que tenho 36
Outro dia me olhei no espelho, fio a fio e não vi nenhum branco
Se surgirem vou curti-los
E deixar que virem gotas douradas
Sob o acastanhado chão do couro cabeludo

Eu nasci em Carmona (ainda era Carmona!)
Mudei para Luanda, Morei em Belém
Morei em Belo Horizonte, hoje Luanda de novo
Um dia sonhei que morava em Istambul (eu nem conheço!)

Da leda infância:
Violante , Sabedoria, José Manuel
323… Sinto saudades
Até da Palmira (me atormentava!)
Depois veio a Preparatória
A Gloria, Amélia Lau
Regina…E no Mutu a Eunice
A Rosa, A Catharina
Do IMEL
A Flora que escolheu morar na neve
A Analeth, politizada, O Luís - poço de inteligência!
A Tina, essa antecipou-se e foi ao Céu
Uma semana antes do tão esperado diploma

E eu, eu fiquei na fila
Da UFPA, a UFMG, do STBE até PUC/Minas
Isso para não falar do 16.642 da UAN,
Eu ainda lembro, e como lembro!

Da minha mãe a saudade
Outro dia lembrei dela (lembro sempre)
E de seu saquinho com vários remédios
E dos milongos na gaveta da Oliva
Aquela Oliva que fazia nossa felicidade
Nuns natais com vestidos de rendas e laços
Mãos de fada, as da minha mãe!

Ainda não tenho a idade dela
E já tenho um estojo maior
Predinisolona, Salbutamol
Loratadina..os anti histamínicos...
Milongos não tenho, mas, tomo mel natural, folhas de eucalipto
E canela, a noite, e já não uso vestidos de laços, uso calças yessica

Ah sobre aquela trilogia:
Livros
Escrevi um monte de páginas, e perderam-se
Em hardwares e em folhas caídas ao vento
Porem algumas adormecem em mim
Árvores
Eu vim do campo
E devo ter plantado varias árvores
Mas o abacateiro lá do quintal da mãe
Secou, como secaram outras lousas em mim
O último da trilogia, antes de ser no corpo
Precisa ser concebido na alma
Mas nem sempre é assim, dolorosamente não

Rádio, Escritórios privados
Ministério público, Negócios
Sala de aula (uma paixão!)

Medos, alguns, o maior deles?
Medo de mim, e das múltiplas determinações

Meu pai – o meu Pai!
Já sem o mesmo vigor, sem a mesma força
A precisar de apoio para continuar a caminhar
Esse que sempre me viu mais missionária/ menos economista,
Expectativas quebradas? Não sei…
Esse que rasga sorrisos de alegria, quando saias substituem yessicas
Esse meu pai, alguma rigidez, mas um exímio educador!

Ah – as manas - cada uma especial, em cada época
A comadre e amiga da adolescência
A mana segunda mãe na infância
E a outra mana - mãe nos tempos de faculdade
Todas juntas: Muito especiais!

Os manos? – Uma estrofe a parte! de um outro capítulo.

Outro dia uma xobinha (é assim q fala a geraçao Y) perguntou-me
Se acreditava em alma gémea,
Eu disse que acreditava em óptimas parcerias, mas,
No dia seguinte descobri, que a historia é impressionante:
Primeiro conta-se a dos vencedores (dificilmente é a real!)
Mas anos depois -50?- nas páginas pode-se ler a história real
"E o que isso tem a ver com alma gémea?"
Ah, não sei….algumas vezes viajo, divago…

Depois de tudo, caminhei comigo de mim para mim, mãos dadas
E lembrei o RioKhulo, Lá Gran Via de Madrid, Paris, Okapuka , Bruxelas, Cape Town, …
E vi que na ânsia de vencer o desejo de voltar,
Há uma ponte por atravessar, ou mesmo quebrar
Outra barreira por vencer, outra determinação a seguir

E no fim de tudo isso… MINHA VIDA?
Uma canção em dó (ou tom?) maior!
- notas sempre confundem-se com tons…

sábado, agosto 22, 2009

6 dias, 5 noites

Luanda, Lisboa, Porto, Paris, Bruxelas, Vice Versa, (6 dias, 5 noites),entre necessaires e duplos goles (o meu e o teu) ...e sou mais uma vez a tal metamorphose ambulante que nos espinhos na carne - Paulo, o apostolo teve o seu espinho, eu os meus - oculta o pretexto das andanças, e sente a plenitude eloquente disso que chamas de liberdade clandestina, que nada mais é ,do que acusação perdida....pois tudo em mim começa e acaba em palavras que nascem da alma e tomam vida em apaixonantes linhas e pedaços de papel.... éden, éden!...

sábado, julho 25, 2009

CONTAGEM REGRESSIVA 7/2 ...reflexões no dentista



A decoração do consultório é especial: uma mistura de Alice no País das Maravilhas e de Floresta Aquática, concentro-me nos peixinhos da última e partilho boas recordações de infância: as de quebrar quadradinhos de gelo com os dentes, deliciar-se do gelo fofinho recolhido das paredes do freezer, digo, da arca, longe do conhecimento de que mudanças bruscas de temperatura desencadeiam reacções pulpares que provocam lesões permanentes nos dentes... a atendente simpática interrompe meu diálogo com os peixinhos e me encaminha para o consultório 2, para a cadeira do dentista. Instalo-me e poucos minutos depois chega a dentista branca e de branco -hola como te ciente? Começa então o abre e fecha de boca... o ruído ensurdecedor do berbequin, e a conversa de sempre - se ciente algo me avise, cierto? Porque não dizem logo se sentir dor me avise? e como avisar com a boca totalmente lotada: um sugador, uma broca, um espelho colher e mais dois dedos..., mas porque os dentes tem terminações nervosas?? seria tudo mais fácil e menos doloroso se não tivessem. De olhos fechados -ja cansados de tanto tecto ver- me questiono do porque de ainda não terem inventado berbequins brocas silenciosas, além de brocas silenciosas, televisores com projecção de tecto, e com protecção especial do foco de luz que incomoda a vista... senhora - interrompe a mulher de branco - vamos começar el lazer - ganho então belíssimas mawanas odonto paraguayas, e começam os longos e sofridos 27 minutos de... um piano em busca de teclas mais brancas e perfeitas...

sexta-feira, julho 24, 2009

CONTAGEM REGRESSIVA 8... Espinhos e Shawarmas 8...

Asunción: Come-se bem e paga-se pouco, felicidade para os amantes de cadáveres, pois os restaurantes são recheados deles em todos estilos, cadaver peixe, nem em sonho! Tem rio, mas a existência de niveis elevados de Mercúrio na água desaconselha o consumo de peixe nacional, fala-se do LIDO onde se pode comer peixe, mas o local é um horror em termos de bem estar, parece mas um tradicional boteco, entrei, e desisti sem mesmo ver a cara do peixe !!! Hoje, para variar optei por comida chinesa no Mall Excelssior, mas a comida de chinesa só tinha o nome, estava mais chiguaya do que chinesa, legumes altamente gordurosos., até o famoso rolinho chines soltava oleo pelos cantos.. e acabei no Libanês me deliciando de um Shawarma de poio mais um tutti frutti por $ 2 - em Luanda pago (pagava) $ 10 por um, no Big Byte - Depois do almoço e antes do retorno a FAO, uma ligeira paragem para o chá, no Hotel -o espelho me revelou um espinho bem no centro da testa, já nao é de TPM... o que será?????

domingo, julho 19, 2009

CANSEI DE AMAR!


Amar também cansa... cansei-me de amar apesar de muito te amar, cansei de amar no vazio desse amor saciado a conta gotas, desse amor que vive a custa de agendas, de prioridades outras, infidelidades, engarrafamentos, tensões menstruais e tensões outras, cansei de amar esse amor extremamente humano, que tão bem se apodera do amor que se acredita (ou acreditei eu?) somente meu e o partilha, divide, confunde… cansei de amar também por minha incapacidade de perdoar, de esquecer, esquecer os passados que para mim são sempre presentes adormecidos e passiveis de se tornarem futuros. Cansei de amar como se amam certas coisas obscuras, secretamente, entre a sombra e a alma, cansei-me da mascara de que não te amo, não me amas, o que nos leva ao caminho perigoso de a outros amar ou sermos amados, cansei do amor que passa por um teste de fogo e se permite, sem estratégia revista, a novamente enfrentar o fogo, cansei do amor que persiste em conhecer o outro quando o conhecer é acto continuum… Cansei do amor inglório, não é o amor maior quando suportamos mais! Cansei do amor a custa de nossas incapacidades, que busca subterfúgios nos ditames culturais e se esconde, cansei das incertezas – as nossas - quanto ao futuro, cansei de tudo o que sei de nós, que sei que não sabes, disso também me cansei…Não me atrevo - como Florbela Espanca- a obrigar-te – (a ti ou ao amor?) a aceitar minha eterna gratidão pelo mal que nos causamos, não considero isso de todo um mal e, vou vivendo essa saudade numa mistura de tristeza, vazio, solidão e alguma miséria, mas saudade também não é para sempre, passa e tudo será superado. Mas de tudo resta um medo, o medo de ver-te arrancado de mim, eu de ti, o medo da fase intermediária, a fase da auto consciencialização de que está tudo bem, que vai ficar tudo bem, vou superar, paciência, não era para ser, não era forte o suficiente, não era verdadeiro o suficiente… Por isso ainda sou Neruda, por essa fase intermediária e por tudo que sonhamos realizar, cansei sim, mas, te amo e não te amo como se tivesse em minhas mãos as chaves da fortuna e um incerto destino desafortunado

segunda-feira, julho 06, 2009

DIALOGOS III

…o verão ficou algures, aqui é inverno, chuvoso e violento, eu indefesa e sem protecção…do outro lado da vida -!!!- de olhar firme, andar imponente em cena surge meu doce e estranho Juiz -outra determinaçao de mim - a tal protecção para o inverno que me assola. Nos seus olhos a pergunta que não quer calar:
e sua paixão pelo inverno ?

Como nunca o fiz antes confesso então, que via de regra não me correspondem os objectos do meu amor. Terno compassivo e com um misto de autoridade sentencia:
Se me amas siga-me…
cabisbaixa opto pela indiferença – como seguir-te? se ainda falta tudo, e tudo o que sabe a tanto, se ainda falta a mistura explosiva que faz a caldeira alimentar vagão a vagão, andar e ganhar o mundo …
Se me amas siga-me, insiste meu eu extraordinário
- como te seguir? Se ainda faltam os orgasmos, não os subjectivos causados pelo olhar, faltam os de corpo, de pele, de palavras murmuradas entre apertos e gemidos…
Se me amas siga-me,
Como desistir agora? depois de dares-me a liberdade de poder ser um Eu livre da fuga voraz da fútil tentação, o que me rendeu mais conhecimento de mim, mas conhecimento da necessidade (in)voluntária do profundo querer … Porque seguir-te se ainda é hora de ousar, não em outras possibilidades, mas no reinventar o já inventado
Se me amas siga-me
Guardião de mim, não me instas que te siga, ainda é hora de reexercitar o cérebro e decifrar o me querer ambíguo. Eu sou você e estamos juntos, numa pureza transcendeste e me proteges e me entendes, e me correspondes, mas eu sou desejo, não dos que levam a alma a loucura mas ao bem, ao belo, ao justo, a correspondência possível…as flores…

sexta-feira, junho 19, 2009

SALA DE ESPERA



O Gil é um desses mangolés que conosco foi à diáspora e pela graça de Deus - foi mesmo graça de Deus- dois anos depois de ser chumbado por aqueles testes da ESSO, e quando já estava a lutar pela vida na banda, recebeu um estranho e-mail para contratação urgente… depois de seis meses de ESSO um novo contrato com outra petrolífera americana – não lembro o nome- e já la está há quase dois anos. Tem vida Mulata e viaja meio mundo, quando nos encontramos é só gargalha: eu a Methamorfose, ele o Ambulante. De entre outras histórias, das que ele conta constam as do luxo das salas de espera mundo afora, salas de espera que deixaram de ser um local de sofás tranqüilos e passaram a ser verdadeiros lugares de conforto e luxo…aqui estou eu, em uma sala de espera, com conforto e luxo sim senhores! - valeu-me Deus, ao não fechar meu bolso aos Usd 200 dólares a mais que me deram direito à classe executiva, de outra forma, estaria nos bancos metálicos e frios da classe do povão - também sou povo, mas…- agüentando o inverno do sul da áfrica que já se faz sentir! Afinal a bendita TAAG esta com um atraso de quase 06 horas. Mas não quero falar do atraso da TAAG e muito menos do conforto da sala de espera – o atraso é só esperar, o conforto é só curtir, quero mesmo é falar das apetitosas histórias que vão tendo a sala de espera como palco-cenário, ainda mais com mangolés…aqui reina o cômico e o dramático: perto de mim uma professora universitária, que trocou o terninho e o sapato alto por uma calça safaresca, uma jaqueta jeans e um boné cangurú – qualquer semelhança comigo é mera coincidência. Depois de dar um forte aperto de mão a um velho professor – ou professor velho - das microeconomias, o acompanhante do tal professor, pergunta sem discrição nenhuma:- oh mano, mas essa assim é doutora mesmo pá? Sem esperar resposta, desgasta o seu fastidioso inglês para conseguir o número de telefone da sul africana que profissionalmente atende aos desesperados passageiros, acto contínuo, abre a mala de mão e oferece um perfume: Meu Deus!! – penso - na banda já alguém ficou sem perfume!! Ficou Kibuzento - como diria o Djonson do Rangel – do Djonson falo outro dia… Enquanto tento concentrar-me na leitura da aula de amanhã, uma voz irritante me tira a paz, curiosa saio do meu esconderijo e vejo dois patrícios - iguais aqueles da música não publicada do Yanick- discutindo calorosamente sobre licenças do IPGUL – ai meu Deus como eu que quero uma licença para minha terrinha no Benfica!! – tenho sim uns m²s e daí?? – retiro deles o meu olhar e volto concentrar-me no texto, mas eles insistem em falar tão alto, como se todos nós fizessemos parte da conversa: tamos com fome pá, ta todo mundo aqui na sala a reclamare pa, manda-nos comida pa-, quando fores lá ao Sambila, na minha administração vas ver pá! ahh, o tal parece ser ou foi administrador do sambila… - te ligaram da banda? Epa tenho romingui pah, o estado paga pah! – e seguiram conversando em plena exibição de poder, coisas do nosso povo!… Sem dúvidas: Angola e Moçambique nisso se parecem: no Jet-set nacional, que o diga Mia Couto: boas maneiras? Te-las nem pensar, o bom estilo é ser agressivo, grosseiro, prepotente... Até o tipo que pareceia calmo e concentrado na J´dafrique também transportou para o país dos outros os ares de chefe, de tipo mandão, que olha o mundo inteiro com superioridade de patrão: só tem este whisky?? Dá lá um mais velho pa, isto tá pago! Tomara que o sul africano não entenda nennhum português!, ... coisas da terra... hora de partir, penso então no gilberto e como seriam as horas na sala de espera sem o nosso Jet-Set nacional...

segunda-feira, maio 11, 2009

DIREITO DI NASCE de Manuel de Novas



Mãe qu'tê'me na ventre
Dá-me nhá direito di nasce
Pai quande 'm nasce
Dá-me nhá direito di vivê


Fazê nos lar
Lugar mas sabe qu'tem na mundo
Fazê nh'infancia
Un jardim de felecidade

'Judá-me crescê
Cu tudo amor e amizade
Dá-me' bô carinho e bô ternura
'O mãe querida que Deus dá-me

Dá-me leite d'bô peito sagrado
Mamãe querida
Dá-me sustento bençoade
Papai querido

'Juda-me vivê nhás ilusão
Nhás fantasia
Mi qu'ê bsôte flor d'revolução
Mi qu'ê bsote fruto d'alegria

segunda-feira, março 30, 2009

Por onde andarás????

... por onda andas meu sábio juiz??? estranha-me essa sua irónica ausência que frustra meu sentido de segurança e estabilidade: dúvida e incerteza confundem-se em mim, e aos poucos vou perdendo a capacidade de conviver tranquilamente com a segunda, como um dia me ensinaste... a vida pede-me decisões imediatas, mas pior que incerteza e dúvida, é a decisão equivocada! e o povo obriga-me a isso, não permitas que eles - o povo - sejam juizes de mim. Por onde, por onde andas meu sábio juiz??

terça-feira, março 17, 2009

Ontem lembrei-me de ti, durante e depois da chuva, e veio o sono, e adormeci… hoje amanheceu céu escuro e melancólico, e novamente as lembranças de outras chuvas, de uma que inspirou poesia, e de outra que inspirou ousadia, quando convidei-te a partir comigo, e aceitaste, mas seguiste viagem tendo como companhia a criança desprovida de carinho, e a mulher a teus pés nada te dizia… assim é a chuva… faz pensar, lembrar, recordar...
recordar que uns dias depois daquela chuva, a criança cresceu, e foi tua vez de então convida-la a partir, e novamente seguimos viagem, mas, apesar de intensa, a jornada foi curta… morrera a confiança, ainda assim, aprendi a amar mesmo quando não quis…ainda amo…

amanheceu, na rua as marcas da chuva, em mim as marcas indeleveis de ti. Porque não? ... e lembrei de tantas outras coisas de tí, de nós, das alegrias, da traição (e foi traição??), da cruel mentira que parecia verdade, dos pubs imaginários, e dos safaris e hoteis 5 estrelas, do viver adiado, do saber enganoso que rouba a felicidade... lembrei de coisas boas, ruins, curiosas, hilariantes, com saudade, com afecto, com raiva, mas sem arrependimento, no meio das lembranças veio o sol, o sol e uma porta… a porta da razão, que divide a minha e a tua verdade, o meu e o teu querer… esse é meu mal: te querer amar…lembrar...chuva...sol, sabe Deus, ELE sabe

quinta-feira, março 05, 2009

LUB LUAN...

E fiquei assim vagando no pensamento, com o cérebro a meio gaz, a cabeça quase em chamas, nem o elucidante artigo do Greg recém publicado me eleva o ánimo… em mim se refaz o quadro da cidade abarrotada, onde é mais vantajoso andar de duas rodas humanas do que das quatro inventadas pelo homem…
E fico assim meio perdida em mim, e no preço da condiçao feminina presente no liquido vermelho e aquecido que voluntáriamente escorre... há quem goste, em nome da preservação d humanidade, eu não!…
um pouco mais abaixo, nas escadas que dão acesso ao poder, sentada uma menina de trancinhas curtas - um retrato de mim no passado - perdeu a viagem para o saber, e enquanto espera, refaz o dever de casa… que futuro??!
Do outro lado nas escadas que dão acesso ao céu, um homem feito louco reza em viva voz a vinda pré anúnciada de um Pedro Alemão,
Eu, prossigo em mim e comigo…
Na outra esquina, um usurpador do alheio esboça um discreto sorriso de satisfaçao e em nome de fazer cumprir a lei, destrata as mães andantes e deixa dezenas de crianças sem pão…
Vem-me de novo Neruda e a exigência da interpretaçao do saber poético: não sou escritora, muito menos exegeta, faltam-me idéias, aliás, tenho-as muitas, confusas, desorganizadas, obrigo-me a dar-te razão: apesar de abarrotada, a cidade me faz solitária e desconexa… Lub…Luan… ainda assim o sorriso!! a hora é essa!!

terça-feira, fevereiro 17, 2009






...se ilhas falassem, te diriam da consternação pelos humanos que vivem amores escondidos, no silêncio e na clandestinidade. Se o Mussulo falasse te diria da lágrima escondida, do brilho da lua, que presa na onda silenciosa rasga o mar e quase se faz sorriso, te diria também do desejo de vitória da solidão, do prazer de ter um amor compartilhado, mas ilhas não falam, apenas obedecem, é dito antigo: Calavai-vos diante de mim ó ilhas....

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

… antes que tudo se ofereça a mim, vejo o alvorecer da aurora, e faço então um retrato pouco fiel de mim, nele, as marcas de sua estranha ausência … preencho-a então de rasgos de inspiração, que na madrugada ganham obrigatoriedade, e deixo (re)nascer a dança das letras, te que por elas mesmo, chegue então a dança dos flamingos... sabe Deus!...