quarta-feira, janeiro 16, 2008


Mãos cansadas e delicadas
Remendam as velhas sandálias
Conhecedoras intimas das areias e do asfalto

Sem rumo definido, silenciosa caminha
Para si, sai em busca de pão
Água e alguma esperança

Entre a calçada e o asfalto, de costas á areia,
Divide longos e apressados passos

Em pensamentos revive o tempo
Em que esperançosa sonhou e lutou
Por dias melhores para os seus

Mas a pátria roubou-lhe o sonho
Um a um viu os seus partir
Podendo por eles, nem ao menos chorar

Alguns deles resistiram ao novo tempo
Mas, entregues ao álcool e a frustração
Também deixaram-na só…

Um após outro entregou-os à terra
Solicita, dos costumeiros panos pretos desfez-se


Negando-se a ser vitrine da dor !


Hoje, anos depois
Nos pés e na alma, feridas afloram trémulas
E ao tempo suplicam cura

De encontro ao Kinaxixi esquece o velho balaio
Serena embala seus panos e do mar distante
Curte o frescor desolador


Das velhas sandálias descansa os pés
E em jeito de súplica, a Deus pede um novo tempo
O tempo do eterno descanso.

4 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns. Adorei esse poema. Actual e de certeza q será duradouro.
Vou adicionar o seu blog nos meus favoritos e assim passar a ler sempre. entretanto peço-lhe q passe pelo meu e deixe tb o seus comentário.
http://edsonmacedo.zip.net
E uma vez mais felicidades e muita saúde para que volte sempre para me dar aulas.

L.S. Alves disse...

Só esqueceram de avisá-la que ela era a pátria.
Um abraço.

Rosita de Palma disse...

Este poema é lindo demais Anna, parabéns e votos de imensa inspiração!

Kandandos;)

NAMIBIANO FERREIRA disse...

Bonito e profundo!!!
Parabens.