terça-feira, setembro 25, 2007
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sexta-feira, setembro 21, 2007
EM NOME DA LEI II

As reações foram rápidas:o antropólogo, também estilista com um ar muito calmo exibiu uma frase de revolta: " The raping by the ass of a beautifull teen virgin called democracy, I said 4 years for what?" o político falou para os mídia e mostrou-se muito decepcionado com o fim, o pensador e formador de opinião permaneceu mudo e todos entenderam o porquê, o próprio César -antes mesmo da sentença-fez as malas e foi ver uma velha amiga-muita velha imperatriz - de um estado amigo de Roma. O sóciologo que sempre quis ser juiz, não tinha muito interesse na sentença como tal, esperava apenas mais argumento, mais retórica e triste desabafou: bah que decepção!!! Julgamento isso? foi mais uma grande fantochada concebida por quem o promoveu para dali extrair dividendos políticos! Os discipulos, por incrível que pareça esconderam-se todos em tocas, mudaram de identidade, uns até converteram-se a César. Nos muros do palácio frases a favor e contra foram grafadas pelo Senso comum.
E este juíz ainda muito embaralhado com o cenário, seguiu em frente subordinado a seus próprios pensamentos, e sobre os seus quase dois metros de altura murmurou cabisbaixo: " a cidade está a mudar!!! Está dada a sentença!" E ainda em pensamentos lembrou a velha máxima romana Vae Victis! (Ai dos vencidos!)
terça-feira, setembro 18, 2007
SINGELA HOMENAGEM

Lembrei-me então de ontem a noite: Três gerações - a de meu Pai, a minha, e a depois de mim - reuniram-se na sala lá de casa, todos em torno do tão esperado feriadão. Se aos últimos a data quase nada dizia, aos da geração de meu pai e aos da minha, era sinónimo de nostalgia! Meu pai lembrou nostálgico aquele 22 de Agosto, quando nossa cidade natal foi palco do último discurso do agora “Guia Imortal”: “tem kizakaé??” perguntara o líder levando o povo ao delírio, fazia-se já sentir a pouca intensidade da voz do líder; minutos depois, Maria Eugenia lhe passara um bilhetinho. Desculpou-se então por não poder fazer um discurso mais longo: “minha voz não esta boa”.
Quase 20 dias depois o país vestiu-se de preto e as lágrimas rolaram inconsoláveis, a nós que éramos criancinhas nos foi passada a mensagem de que não teríamos mais brinquedos, pois o camarada presidente uafú kya, e com o olhar cravado na foto do líder, inconsoláveis, juntamo-nos áo pranto dos adultos: povo a chorar, povo a gritar Netuéé …
Agora vejo-te ai Neto poeta! Sabes tu do que vem acontecendo além do Zaire e Kalahari? Que fazes ai de braço erguido? Sabes que roubaram-nos a esperança e quase nada mais inspira nossas consciências desesperadas. Nas Sanzalas, nos subúrbios e nas cidades, os negros continuam em desespero abandonados a sua própria sorte.
Ai Neto, 28 anos depois não tem bancos no Kinaxixe, onde sonhaste sentar e ver os servos de pais também servos em busca de alguma felicidade e glória. Meu caro Neto, vivemos em bairros cada vez mais escuros onde nosso desejo de SER é utópico, e nossas mães Neto, ainda morrem porque foram-se os médicos humanistas, nos restam os capitalistas, e quando nós mesmo não podemos traze-las à vida, morremos então, e no ar ouve-se em sintonia o chora da Africa, Neto! E em muitos de nós ainda persiste a vergonha de as chamarmos MÂE.
Neto meu poeta, já não se fazem mais amigos - como aquele teu - o Mussunda- capazes de SER no espírito e na Inteligência! Nós simplesmente não SOMOS MAIS, Neto!
Mas fizeram-te herói, e hoje vão render-te homenagem lá onde fizeste teu ultimo discurso, e vão faze-lo novamente em outros Setembros … e tú amigo Neto enquanto permaneces ai no silencio de pedra, aquela outra geração depois da minha, passa por aqui e não sabe que ai onde vives havia um blindado, símbolo de uma guerra da qual se calhar nem cúmplice foste meu poeta, (poetas não fazem guerras!).
Estes míudos que ai dormem não sabem nem de longe daquele velho lema “pioneiros de Agostinho Neto na construção do Socialismo, tudo pelo povo” esses nem são pioneiros, são simplesmente uns putos, que sem pão e sem casa tem por sombra os teus inertes pés Neto, marginalizados pelo sistema, pela vida…
Neto agora preciso ir, até porque a fila dos comburentes está bastante avançada. Sei que logo mais dois bons amigos vão fazer-me aquela crítica de sempre: Como insistes em oferecer superqualidades a alguém que em nome da utopia socialista, ignorou todos os axiomas de justiça e ofereceu ao país o espectáculo da morte e da ruína que persiste até hoje? Que responderei a eles Neto? O Mesmo de sempre: o Meu Neto é o POETA!
Sei que um deles - o entendido em poesia - ainda vai comentar da relação linear entre politica e poesia em Agostinho Neto…talvez ai eu fique sem comentários. Mas ainda assim, deixo no ar essa singela lembrança, essa singela homenagem a ti, para deleite da geração do meu Pai, da minha, e quem sabe mesmo da depois da minha, Sagrada Esperança!!