segunda-feira, setembro 18, 2006

QUE SERÁ DE MIM SE ME FALTARES (EPITÁFIOS)

Hoje a dor feriu a alma, o sofrimento ficou insuportável

Epitáfios: “inscrição sobre lápides tumulares, monumentos funerários ou elogio a um morto"

Hoje a Fuga desesperada de lágrimas,
Hoje as palavras perdidas do mausoléu de mim

Ainda hoje os meus EPITAFIOS, aos que amo, amei, quero bem,

Hoje, a reflexão sobre perdas, o pensamento nas ausências,
Nas formas protocolares dos elogios aos mortos,
Na bondade expressa nas lápides tumulares.

Hoje a lembrança de Job Milton em O Livro não autorizado dos Epitáfios:
“… que, de repente as lápides passariam a conter "verdades" conhecidas, mas não declaradas a respeito dos falecidos”
Hoje meu post aos especiais
Aos amigos , os de verdade, poucos, não projectados pelo tempo,
mas pelos momentos,
Meu hoje a KWinifred, minha amiga, minha irmã, que na diversidade encontramos unidade, a menina que eu aprendi a amar e aceitar do jeito que ela é…
ainda hoje o meu sentimento de carinho, compreensão e companheirismo, para que um dia, eu nao tenha de faze-lo em forma de Epitáfios/

Para vosso deleite e reflexão deixo EPITÁFIO (Titãs)

DEVIA TER AMADO MAIS
TER CHORADO MAIS
TER VISTO O SOL NASCER
DEVIA TER ARRISCADO MAIS
E ATÉ ERRADO MAIS
TER FEITO O QUE EU QUERIA FAZER
QUERIA TER ACEITADO -- AS PESSOAS COMO ELAS SÃO
CADA UM SABE A ALEGRIA -- E A DOR QUE TRAZ NO CORAÇÃO
O ACASO VAI ME PROTEGER
ENQUANTO EU ANDAR DISTRAÍDO
O ACASO VAI ME PROTEGER
ENQUANTO EU ANDAR DISTRAIDO
DEVIA TER COMPLICADO MENOS
TRABALHADO MENOS
TER VISTO O SOL SE PÔR...

sexta-feira, setembro 15, 2006

Solidao


SOLIDAO

Cai uma chuva grossa lá fora
Aos poucos agrava minha solidão
Busco no som de cada gota
A melodia certa para meu coração

Amanhã o céu vai nascer nublado
O frio vai inundar meu coração
Vou sair correndo pelo mundo
Em busca de conforto e proteção

A sombra de alguma alvenaria
Um homem vai me lembrar você
Vou fazer amor com euforia
Até sentir meu corpo queimar

E ao romper da aurora
O prazer ainda a me consumir
Vai restar somente o desprazer
De ao juramento ser desleal

Ao som do gotejar da chuva
Outra vez a solidão a me consumir
No silencio da lembrança
Apenas direi: Aquele homem não era você.


Ana Mathaya, Belém-PA 1997, in Exalar de Sentimetos

terça-feira, setembro 12, 2006

NETO, O POETA EM MIM

*Ana Mathaya( In JA 2004-09-19)
Ontem, em minha hora nostálgica, voltei aos anos da leda infância, aqueles anos em que a curiosidade me movia à leitura de qualquer coisa, bastavam ser letras. Aproveitando-me da distracção do meu velho pai, pegava então o "Textos Africanos" para, à sombra da bananeira, ir lendo e relendo. Da prosa à poesia, eu devorava as páginas, vivendo os meus sonhos de criança confundidos com o pregão da quitandeira: Minha senhora, laranja, laranjinha boa... Assim foi o meu primeiro contacto com Agosti-nho Neto: O POETA!Anos depois, vi-me impulsionada a iniciar uma corrida em busca do conhecimento da arte e da poesia feita no nosso negro continente e no mundo. Passei pela mão de professores cultos e inteligentes, tais como o ex-padre Pinto João Kiala, o saudoso professor Mesquita Lemos - este que leu como ninguém " O Choro de África"! - e ainda o meu próprio pai, com os seus sermões marcados pelo estilo poético.Com o passar dos anos, optei pelas ciências quânticas, mas, ainda assim, não deixei para trás o gosto pela palavra, pela poesia. Mergulhei no mundo sofrido de Florbela Espanca, na poesia geórgica de Virgílio e Milles, li Leopold Senghor, Drummond, Vinicius, Maymona, deleitei-me com as lamúrias do amigo Mayindu, conheci tantos outros poetas, mas, de tudo isso, a poesia de Neto foi a que mais me marcou. Sempre repeti os seus versos com prazer e incorporei as suas palavras na minha vivência. Como ele, brinquei nos arraiais ao meio dia, como ele, inventei um amigo: o Mussunda. E a ele escrevi vários versos, mesmo sabendo que Mussunda não os entenderia. Ainda na leda infância, como Neto, caminhei no mato e lá me deparei com o soldado desconhecido da humanidade, aquele de quem não se exigem glórias!!!Mas foi pensando n´alguma glória, que, como Neto, atravessei o mato, passei pela fronteira do asfalto e enfrentei o mundo e reinventei o meu desejo de ser, sempre confundida com a minha própria existência.O tempo passou, muita coisa mudou, tornei-me íntima de vários poetas e muito cedo vi-me provocada a escrevinhar os meus próprios poemas, mas a minha paixão pela poesia de Neto permaneceu intacta. E hoje, quando passo pelas ruas e vejo as homenagens ao político, é inevitável separá-lo do Poeta Imortal - o meu poeta - cujos versos atravessaram Kaxikane, passaram pelos bairros escuros dos pobres, cruzaram os Zaires e Calaharis e hoje se fazem presentes nos grandes centros de letras, no além mar. A poesia que um dia alimentou a esperança do guerrilheiro em busca da independência, hoje continua alimentando as esperanças de milhares de angolanos espalhados pelo mundo! Continua acariciando sensibilidades, continua a falar aos corações e dos mares e oceanos soa ardentemente o clamor,: "HAVEMOS DE VOLTAR!". E nós, nós voltamos África, voltamos Angola, voltamos para recriar pureza e justiça, voltamos para dar à humanidade os sorrisos que ela nos pede. Voltamos à terra que nos viu nascer e crescer. E quiçá, como Neto, o Poeta, não escrevamos todos juntos um poema solução: "...um poema que não sejam letras, mas sangue vivo em artérias pulsáteis de um universo matemático, e sejam astros cintilantes para calmas noites de invernos chuvosos e frios... amizade para corações odientos... cântico harmonioso para formosura dos homens..." das mu - lheres, das crianças!!!Assim tem sido minha existência. Trago Neto em mim, mais ainda: os seus caminhos poéticos! E hoje, quando Angola lembra o Guia Imortal, eu, com os olhos secos, recordo os meus sete aninhos e recrio Neto, o Poeta imortal. Aquele que, de Kaxikane, espalhou e continua espalhando poesia pelo mundo! Ao lado da memória do político, do médico, não menos importante, permanece e permanecerá a memória do POETA, o Meu Poeta: Agostinho Neto!!!!

sexta-feira, setembro 01, 2006

TAKE IT EASY...I´M EASY


...a águia que confunde-se conosco, como ela nós não somos como apologistas de limitações, somos amantes da liberdade fragmentada e consciente
Take it easy …’cause I’m easy!!


Escrevo para falar da liberdade
Que novamente se apossa de mim
Do nostálgico soletrar da saudade
Que nosso ego ora preza ora despreza

Mas, é a expressão das incertezas
Que mais uma vez me atormenta
E atormenta cada pedaço em mim

Enquanto isso eu, eu suplico por ti
Nesse desejo de fazer do teu ego
Sangue de minhas próprias artérias

Mas nesta simbiose do querer
Persiste a nervura do paradoxo
Desse desejo muitas vezes desprezível...
Mesmo assim, eu insisto em querer

E soletro a dor que ainda sinto na veia
Já anestesiada pelo dia que morre
Carregando consigo a sensação de perda
Impotência... mesmo assim escrevo

Escrevo versos da saudosa ousadia
Incompreensível aos inocentes
Deleite para nós os inconsequentes

Nós, os apologistas da tal liberdade
Que nosso ego ora preza ora despreza
Mas eu, eu simplemente escrevo...

[Soletro ...]




AMathaya. BH 2004-05-16. 10:45 PM “Take it easy””