quarta-feira, fevereiro 20, 2008

CASTLE HAVEN, CAIS DE QU4TRO, MIÚDA!!




…acordou distraída de tudo, sempre com aquele pensamentinho: “odeio trabalhar”, mas, somente no pensamento, porque a realidade faz o mundo pensar que ama trabalhar. Sob o esticar das cordas de Jonatham Butller- sua nova paixão – pega estrada e acelera fundo. No escritório espera-lhe um velho conhecido, cada vez mais velho – o tempo não perdoa! Sorri ao ver-lhe, e como sempre, perde-se em lamentações, diz que odeia a actual estética de corrupção dos engravatados do poder – como se eles não existissem há tanto tempo! - admira as esculturas da sala, e faz da dona parte delas, enche-a de elogios, esquece-lhe os defeitos e fala de suas falsas virtudes. Confiante lança então o convite: almoçamos hoje? A indesejada resposta vem costumeira e divertida: tenho n relatórios para terminar e não posso me dar ao luxo de sair para almoçar e o tránsito não ajuda. Insistente repete o convite e lembra de outros almoços, jantares,- mas parece um museu de inúteis vivências do passado- pensa a escultura e insiste na negativa. Vencido, despede-se. Ela folga então de felicidade por agora poder concentrar-se e trabalhar longe do nostálgico do passado… dedicadamente mergulha ao trabalho até que:
Ele: alooo, estás bem miúda? Sabes pá, estou num trânsito infernal,
Ela: Relaxe q isso já faz parte de nós
Ele: miúda tens ideia do que fazer para restaurar a velha ideia de amor?
Ela: por agora não, mas prometo pensar, respondo-te durante o jantar
Ele: isto é um convite? Se é…
Ela: Cais de quatro, 20:00hrs
As luzes mornas de Luanda iluminavam a Baía dando-lhe um ar namoradeiro não visível durante o dia. Encostada ao cais, aprecia o mar calmo enquanto espera pelo míuda. Para sua surpresa, na mesa oposta, aquele velho amigo de rosto sereno e em monólogo com um whisky qualquer…Outras imagens juntam-se aquela e povoam seu pensamento, e agora é ela que se vê nostálgica de um tempo que nem sabe se existiu, dos encontros nos pubs próximos a Hawley Arms na Castlehaven Road, das sentadas ate ao amanhecer no Marítimo, quando as regras duras desse tempo global não faziam parte de seu dia-a-dia… quase deixa-se dominar por um sentimento de culpa, aqule velho amigo(...) mas vence-o. Culpa tem Luanda, que de tão sem opções torna inevitáveis os reencontros… já pelo final da noite, viu-o esvaziar mais um velho esporão... sabia o quanto ele foi importante em sua vida, mas foi, passado! Sorri animada pro miúda e no intimo busca conforto (desencargo de consciencia???) em Deepak Chopra “Seja qual for o relacionamento que você atraiu para dentro de sua vida, numa determinada época, ele foi aquilo de que você precisava naquele momento” este é o momento do miúda, é o que ela precisa, e é com ele que cabe agora discutir o como restaurar a velha ideia de amor, mesmo sabendo de antemão que ela não sabe amar como o mundo ama...

3 comentários:

L.S. Alves disse...

"Só o Ex é pra sempre".
Se é verdade eu não sei, mas sempre gostei dessa frase.
Adorei ese post e o da velhinha com o piano também.
Beijos.

ANNA MATHAYA disse...

L.S tens toda razão, tudo que hoje é tem chance de deixar de ser...
beijos

Soberano Kanyanga disse...

Ana,
Actualiza o endereço do olhoatento é agora www.mesumajikuka.blogspot.com

Canhanga