terça-feira, abril 17, 2007

TPA( Tensão Pré Aniversário)



Minha vida estes dias transformou-se num verdadeiro festival de repetições, que não são somente as minhas mas as de muitos moradores de luanda e arredores, os mesmos buracos, a mesma escuridão, os mesmos depósitos vazios, as mesmas mentes incautas, cauterizadas… tudo isso nos leva a ser aquilo que Pinto de Andrade chamou de hommos angolensis… (ou algo parecido) mas não é destas generalidades que pretendo falar, meu Post hoje é sobre minha TPA que a esta hora já é simplesmente TA (tensão aniversarial) esse sentimento estranho que vai se apossando de mim na Glória dos meus 33 anos -uns insistem em dizer que são 29, 0utros 30, meus projenitores jamais errariam! - são gloriosos 33 -( a idade de Cristo) vindos de 1974.

Fragmentos? Muitos! Um sem número de momentos felizes intercalados de angústias, de gratificante euforia, com as coisas, momentos e pessoas que a vida me brindou, ainda brinda, uma dessas pessoas é meu Gurú, que participa de minhas angústias mas junta-se a mim também nas alegrias, na junção dos fragmentos, essa figura deliciosamente humana, com seus impedimentos, algumas vezes em maior escala que os meus...

Mas até nisso vejo glórias, pois a vida me tem ensinado a fazer da felicidade um sentimento duradouro, a encontrar essa tal felicidade em que cada circunstância, mesmo nas mais adversas, é isso... se algum dos leitores destas humildes palavras perguntar o que representam estes anos, certamente direi que nâo representam nada acabado, afinal ainda estou (estamos) em Metamorfose, ainda o juntar de pedaços, o desejo de ser, ainda a mesma inquietude... ainda a pergunta calada nas entrelinhas das repetições: o que faria Cristo em meus passos? ainda...

1 comentário:

Soberano Kanyanga disse...

Luanda

A ferocidade da vida caminha a passos largos com a pobreza. A olho nu são visíveis nas ruas de Luanda, paragens de candongueiros, nos autocarros e nas longas filas de marchantes imagens que nos lembram filas intermináveis de contratados e escravos do sertão ao embarcadouro.

Escravos sim. Duma vida que vê degradados os seus valores mais elementares como o humanismo, a solidariedade e o amor ao próximo. Apenas de forma isolada nos “surpreendemos” com gestos amistosos de quem deixa a cadeira para um idoso, a uma mulher grávida ou com criança ao colo, ou ainda o apaziguamento de uma contenda.

Acabei de ver um sujeito das FAA a esmurrar em plena luz e sem causa aparente um jovem que por sinal até se dirigia à oficina em que trabalhava. Motivo: Escorregou na lama que encobria o asfalto e tocou-lhe na farda.

Desumanamente todos passamos. Ninguém socorreu o jovem que sangrava nas narinas e ninguém repreendeu o sargento.

Soberano