domingo, julho 19, 2009

CANSEI DE AMAR!


Amar também cansa... cansei-me de amar apesar de muito te amar, cansei de amar no vazio desse amor saciado a conta gotas, desse amor que vive a custa de agendas, de prioridades outras, infidelidades, engarrafamentos, tensões menstruais e tensões outras, cansei de amar esse amor extremamente humano, que tão bem se apodera do amor que se acredita (ou acreditei eu?) somente meu e o partilha, divide, confunde… cansei de amar também por minha incapacidade de perdoar, de esquecer, esquecer os passados que para mim são sempre presentes adormecidos e passiveis de se tornarem futuros. Cansei de amar como se amam certas coisas obscuras, secretamente, entre a sombra e a alma, cansei-me da mascara de que não te amo, não me amas, o que nos leva ao caminho perigoso de a outros amar ou sermos amados, cansei do amor que passa por um teste de fogo e se permite, sem estratégia revista, a novamente enfrentar o fogo, cansei do amor que persiste em conhecer o outro quando o conhecer é acto continuum… Cansei do amor inglório, não é o amor maior quando suportamos mais! Cansei do amor a custa de nossas incapacidades, que busca subterfúgios nos ditames culturais e se esconde, cansei das incertezas – as nossas - quanto ao futuro, cansei de tudo o que sei de nós, que sei que não sabes, disso também me cansei…Não me atrevo - como Florbela Espanca- a obrigar-te – (a ti ou ao amor?) a aceitar minha eterna gratidão pelo mal que nos causamos, não considero isso de todo um mal e, vou vivendo essa saudade numa mistura de tristeza, vazio, solidão e alguma miséria, mas saudade também não é para sempre, passa e tudo será superado. Mas de tudo resta um medo, o medo de ver-te arrancado de mim, eu de ti, o medo da fase intermediária, a fase da auto consciencialização de que está tudo bem, que vai ficar tudo bem, vou superar, paciência, não era para ser, não era forte o suficiente, não era verdadeiro o suficiente… Por isso ainda sou Neruda, por essa fase intermediária e por tudo que sonhamos realizar, cansei sim, mas, te amo e não te amo como se tivesse em minhas mãos as chaves da fortuna e um incerto destino desafortunado

5 comentários:

Soberano Kanyanga disse...

Make this tired love your own love.

KImdaMagna disse...

"... uma sumptuosa morada, as aves por janelas.
(Cor de floresta virgem, aroma raiado de embriaguês de asa).

A noite está na concha da mão. ( E também no brilho dos olhos).

A pouco e pouco as paredes afrouxaram o seu abraço, porque não há amor eterno entre as pedras. Uma a uma redescobriram, nas ruínas, o anonimato do seu destino..."

Não ligue tou sou simplesmente tentando distrai la do brurido da alma ferida.


xaxuaxo

ANNA MATHAYA disse...

L.Canhanga
really tired!!...

ANNA MATHAYA disse...

valeu a distracção, eu me faz bem desinfectar a ferida...

Rosita de Palma disse...

Boa tarde Anna,

Saudades de estar aqui.

Esse amor bandido...

Mas a humanidade é apaixonável, e existe uma fonte inesgotável de amor dentro de nós.
primeiro abre caminho para a dor passar, depois é só acreditar.

Um kandandu!