sábado, junho 07, 2008

LUBAVITCH II

Fotografia:Lucas C. Arte de Mathaya
É cacimbo, de volta a Lubavitch, já fria e pouco acolhedora, como sempre foi desde que a conhecí: aqui e ali um som festeiro, nos cantos e carros escuros corpos sem pudor entregues aos prazeres da carne, do outro lado do oceano, o poeta faz esperar a poesia, e afoga a nostalgia em repetidos e intermináveis goles de courvosier. Ao lado do poeta, dezenas de expatriados-trabalham arduamente durante a semana, e seu retorno financeiro os obriga a serem quase os únicos frequentadores dos points do cais. Assim é em Lubavicth: do lado mais alto da cidade, o discurso militarista foi substituído por outro que, apesar de duvidoso, renova nos citadinos esperanças já há muito envelhecidas. Enquanto isso, eu me alimento de sentires de um tempo que foi e ainda é… de entre eles meus quase-relacionamenos, alguns deles deixaram cicatrizes que ainda voltam a doer quando chega o cacimbo. Na caminhada me dou conta que não vou só, caminha comigo o velho Juiz (não juiz velho!) que também vive as mesmas perturbações. Como em outros tempos, nos damos as mãos e permito-me embebedar por tamanha sabedoria e simplicidade, de quem despiu as vestes de magistrado, é mostra-se simplesmente homem, humano, ele que como alguns de nós tem por Lubavitch alguma estima, cidade dos nossos quase relacionamentos!. Diferente de muitos, ele sempre os viveu - e vive -com muita intensidade:
- Uma das coisas que me completa e preenche, é a coragem de falar (contigo) abertamente de nossos amores e quase-amores. Enquanto não (nos) voltamos a amar, vivemos os amores um do outro e isso é bem mais compensador que alimentar cicatrizes.
As palavras do Juiz me surpreendem, com elas um arrepio percorre-me o corpo e a alma. Ele, no alto de sua inteligência - e como em outras vezes - lê-me o pensamento e antecipa-se: desembrulha um sorriso e junta-se a mim num longo e terno abraço, que oferece calor ao cacimbo já anunciado. Mais uma vez sinto aquele velho sentimento de quere-lo sangue de minhas artérias. Porque???? tantas desilusões, mas ai estava ele, apoiado em si mesmo, em Lubavitch…
Amanhã, talvez dividiremos a mesma poltrona, de volta então ao nosso mundo real…longe da fria e amada Lubavitch, e tálvez como em outra viagem, ele me segrede ao ouvído: honey It´s not easy when we have to let things go, when we all have to make hard decisions and give up of some things that you love!!

4 comentários:

Anónimo disse...

Olá Anna,
Singeleza, idealismo, romantismo & outros valores que enaltecem a criatura humana.
Me agradou o teu blog.
Te desejo muito sucesso.
Lembranças do outro lado to Atlântico - Brasil.
Geraldo

ANNA MATHAYA disse...

Geraldo obrigada pela visita e pela especial lembrança,

Menina do Rio disse...

Anna, eu não sei o que tem de real neste texto, mas a forma escrita é tão nostágica que chega a doer porquenos remete pra dentro de nós em outras lembranças!

Um beijo minha querida

quanto pesa o vento? disse...

palavras fortes e carregadas :)

gostei muito da forma como escreves.

grande abraço.